Carollina Lauriano- Crônicas de uma vida (quase) moderna.

Não é tarefa fácil ser sozinha em uma cidade grande.Tinha acabado de comprar uns livros e não queria voltar imediatamente para casa. A temperatura estava amena e no céu um azul intenso. O pôr-do-sol estava próximo, o azul do céu já começava a se misturar com o alaranjado do sol; fazia muito tempo que não tínhamos um dia bonito assim.Resolvi sentar num desses barzinhos, que tem mesinhas espalhadas pela calçada, para beber algo enquanto apreciava àquela paisagem.
- Moço! Moço!
- Pois não senhorita.
- Estou aqui a mais de 10 minutos e ninguém veio me atender.
- Pensei que a senhorita estava esperando alguém.
- Não! Estou sozinha. É alguma aberração uma mulher sentar sozinha para beber algo em um bar? – naquele momento o azul alaranjado do céu já havia se tornado uma imensidão acinzentada informando que tinha tempestade a caminho.
- Claro que não – o pobre do garçom tentando contornar a situação.
- Pois bem, então porque fiquei aqui plantada por vários minutos até ser atendida involuntariamente por você – nessa hora eu já devia estar querendo arrumar algum tipo de confusão gratuitamente.
- O que a senhorita vai querer?
- Desisti. Não quero nada, vou para casa.
Joguei os livros no sofá e sentei-me na velha poltrona vermelha que, estrategicamente, dava para a varanda. Acendi um cigarro.Eu, que havia parado de fumar, sempre carregava na bolsa um maço de cigarros para eventuais emergências e/ou recaídas repentinas. Não devo ter muito amor próprio, e, o pouco que tenho, ainda tentam extinguir.