Regis Ribeiro: Escute este Texto (ou “Livros, fotocópias, cadernos, marca-texto e mp3” 2.0)

Banho, roupa, café da manhã, ônibus.

Trabalho, trabalho, e-mails, trabalho, fadiga, ônibus


Leituras, leituras superficiais. Músicas, leitura auditiva, superficial?
Não.

No texto, marcas fosforescentes. No contexto, confusões causadas por definições desestruturadas. Confusões divertidas, legais, que não nos atrapalham onde realmente (realmente) importa ou não.

Música. Alegria, felicidade. Preocupação. Textos. Dúvidas, desânimo, sono, euforia, incompreensão. Incompreensão igualmente divertida, as quais aprenderemos que não nos atrapalha, mas que precisamos incompreender.

Música, certeza, chatice, pula, alegria. Ou talvez não. Impaciência, pula. Muda o texto, muda a música..

Descanso.


Universidade, aula, questionamentos. Culpa, textos mal lidos, músicas mal ouvidas. Textos maus, música má.
Amigos, risos, confissões, abraços. Músicas? Não...
Ônibus, metrô, despedidas, trem.
Trem, músicas, textos, pensamentos, suposições. Análises, considerações, mentalizações. Bateria fraca.


Conseguimos estruturar um pensamento, mas isso acontece bem na hora que começa aquela música de melodia perfeita, e o volume é aumentado, enquanto a concentração é diminuída, mas aumentada pra outra coisa.

A rotina, assim, prossegue. Mas não de forma rotineira, justamente por causa dos textos e das músicas, das apreensões e das cantaroladas com as músicas e com os textos. Quebrar a rotina, a mesmice, talvez seja a missão da combinação textos-música. Combinação oportuna, convenha-se, mas que traz conseqüências, como qualquer outra coisa consequencial. Talvez não chegue a tanto, mas o que importa é que nos fazem existir metafisicamente, quando nos dá a chance de pensar descontroladamente, misturando conceitos teóricos com batidas de bateria, com meias-luas e notas de rodapé. Nos faz perceber o quanto somos coisa alguma.

Mas, de alguma forma, quando um atrapalha a compreensão do outro (usando atrapalhar aqui como uma coisa nem boa nem ruim, mas simplesmente atrapalhadora (e esse “atrapalhadora” também não significando algo bom, ou ruim)), acabam se completando, porcamente, claro, como tudo. E o que entenderemos daí será o que seremos, mais (sim, mais adverbial) na verdade o que quereríamos ser, ou o que queremos que sejamos, ou será a maneira como entenderemos as coisas. A origem diversa dos textos, e das músicas, e nossa capacidade de não entender coisa alguma, associada ao pedantismo consciente (não o pedantismo malvado, aquele inconsequente; mas o pedantismo que usamos para ao menos entender provisoria e superficialmente as coisas, até que aquele pensamento ou visão se consolide na nossa cabeça ou caia fora de uma vez. Enfim, a nossa filhadaputice metodológica), e às nossas conclusões não conclusivas, nos farão possíveis compositores fracassados, péssimos alunos, leitores frustrados de blogs, viciados na superficial rede eletrônica mundial, profissionais inaptos ao mercado (olha, uma coisa legal!), nerds (sim, porque de alguma forma, conseguimos ainda manter médias exibíveis. Ou não...) e levaremos nossos cursos nas coxas, ao mesmo tempo que nunca conheceremos bandas como deveríamos conhecer, o que pode ser bom, ou ruim.
Ou os dois.

Mas o que realmente interessa: Alguém realmente quer conhecer a fundo a origem do Indie Funk Curitibano ou a Teoria Geral das Ciências?