Paulo Trani- a vida em um supermercado

Cansado e fatigado perambulando por ruas atônitas. Cambaleando em sonhos e bebidas pelo asfalto. Carros. Motos. O negro da rua e da noite fundido-se e se transmutando em incansáveis luzes artificiais da calçada. As pessoas passam e as vezes sorriem sem saber ao certo por que caminhos levarão seus passos. Irei agora ao mítico supermercado e suas luzes incandescentes. Irei caminhar ao suave deleite das prateleiras iluminadas. Do chão branco e da sessão dos legumes. Os caixas e todas as coisas parecem tão típicas daquele lugar como se a cidade e os supermercados sempre tivessem existido. Fazem-se promoções e cartazes. A crueldade disfarçada-explícita que parece te enforcar a cada passo em território iluminado de luzes brancas na qual finge-se que se comporta como se algo existisse para fingir e para se ocultar em prateleiras. Os patins. Refrigerantes talcos produtos de limpeza que precisaremos para contentar-se e sorrir. Conforto em apartamentos encarpetados. Enfim uma vida. Fala-se em dinheiro e descontos. As esteiras rodam e as compras passam por um bip. Poderia morar e enlouquecer em um supermercado.