Entrevistão- Bazar Pamplona (São Paulo)
Por Fernando Niero
O Último Número-(pergunta cliché número 1) por que Bazar Pamplona?
Resposta à pergunta clichê número um: por que não Bazar Pamplona? Precisávamos de um nome. Na frente do "Bazar Mil Cores" (é esse o nome, juro), na rua Pamplona, houve uma associação de palavras. Ficou o nome. Detalhe: quando surgiu, a banda não existia ainda. Moravam o Estêvão e o João Victor na Paulista. Hoje, moramos, por uma mera coincidência, na esquina da Pamplona com a Jaú.
O Último Número- qual a inspiração pras musicas? Lsd? ayuhasca? caminhadas por São Paulo?Devaneios, etc?
Drogas não funcionam como inspiração para as músicas. O Estêvão, por exemplo, é o maior careta do planeta: não bebe uma gota de álcool, choppinho nenhum, nada. Não fuma também. Enfim, um mala. As inspirações estão em todos os lugares: em alguma frase dita sem querer, em coisas que acontecem no dia-a-dia, em filmes, programas de TVs, livros, outras músicas etc.
O Último Número-as influencias de vocês são notadamente sessentistas, como foi a formação musical de vocês?
São notadamente sessentistas? Não sei. O Estêvão começou ouvindo Nirvana. Depois ouviu algumas bandas punks, até descobrir os Beatles. Depois tudo mudou. Vieram os Mutantes e os tropicalistas. O João, que é o mais novo da banda, começou ouvindo - pasmem - Oasis. O Caldas já é dos anos 80. Gosta de Smiths. O Batata anda ouvindo Gwen Stafani. O Capanema outro dia estava cantarolando Sean Lennon. Mas todos amamos Beatles, deve ter um pouquinho de influência. Entendemos sua opinião sobre o sessentista. Mas, pra gente, é muito difícil descobrir as influências no som do Bazar. Nunca planejamos: vamos fazer um som Mutantes. Montamos a banda e saímos tocando, sem dizer: vai ser assim ou assado. Deu no que deu. A proposta nunca foi imitar ninguém. E não condenamos quem monte uma banda para fazer um som Pavement ou fazer algo na linha Charlie Brown. Quer dizer, na linha Charlie Brown, nós condenamos. Mas, na nossa opinião, o legal é fazer coisas sem se preocupar com o que pode parecer.
O Último Número- como foi gravar o clipe de "As Nuvens Não Têm Playground"? de quem são aqueles textos?
O clipe foi assim: o Estêvão ficou duas semanas desempregado. Como não tinha nada de útil para fazer, compôs a música e a gravou num take só, voz e violão. Depois teve a idéia de fotografar o banheiro, fazendo desenhos nos azuleijos. O clipe foi todo feito de madrugada, pois, sem a luz do sol, a imagem da câmera tosca ficava meio alaranjada, meio envelhecida.
O Último Número-Empregos fora o Bazar...
O João é radialista, o Caldas e o Batata são analistas de sistemas e o Capanema e o Estêvão são jornalistas. Infelizmente, ninguém vive de Bazar Pamplona...
O Último Número- as letras são uma características forte da banda..quem as escreve?
Por enquanto, o Estêvão faz as letras. Mas, em breve, o João vai terminar a música dele sobre camisetas de manga comprida. Devemos tocar também uma música instrumental do Capanema, do projeto solo dele, o Pão Tonto. No futuro, esperamos que as músicas sejam mais coletivas.
Ainda sobre as letras...não vemos nada de mais, elas são muito simples. É que não sabemos falar difícil. E já percebeu que bandas que falam difícil são chatas? Nós achamos...
O Último Número-e contem direito essa história do Paco e o "Vocês têm afinador? Então por que não usam?" (Paco Garcia=guitarrista boa-praça do Los Pirata)
Foi a primeira vez que conversamos com o Paco pessoalmente. Fomos chamá-lo para produzir nosso primeiro disco. Ele tinha ouvido gravações caseiras e de ensaios. Tocávamos muito mal na época. E era tudo desafinado mesmo. Ele disse a frase na maior seriedade, numa mesa de padaria. Foi direcionada ao João Victor. E, sim, ele ficou constrangido na hora.
O Último Número- Como é ter o menor Blog da terra? (Nota do editor: http://www.bazarpamplona.blogspot.com/
Então, o menor blog da Terra quase nunca é atualizado. Foi abandonado. Não temos mais tempo (e saco) para atualizar aquilo. Mas um dia pode voltar, quem sabe.